Projeto de Lei 1287/76
- CEP: 35680-324
Denomina logradouro
público: Travessa Padre Cornélio / Bairro Graças
“Depois
disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por
nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim. ” Isaías 6:8
Na
década de 1954, o Monsenhor Hilton Gonçalves de Souza, em seu artigo:
“Itaúna e seus Vigários”, resenhou sobre a história religiosa da Paróquia de Sant'Ana e de
seus párocos, do período de 1841 até 1943, dizendo que, “graças a Deus, neles,
Itaúna sempre teve exemplo de moderação e de virtudes, frequentemente
admiráveis” (ACAIACA, 1954). O Monsenhor elencou que, esta história poderia ser
dividida em dois períodos distintos – o Antigo e o Novo.
Sobre
o “período novo”, segundo nos informa o Monsenhor Hilton, inicia-se a partir do
ano de 1924 com Padre Cornélio, sendo o 6º pároco de Itaúna.
Com
o Pe. Cornélio Pinto da Fonseca, abre-se um período novo, segundo período.
Colocou - o Deus em Itaúna, com a missão de realizar, na Paróquia uma
transformação formidável. Cabe-lhe a glória de ter rasgado, aos olhos do povo,
um quadro novo, um cenário realista – de mostrar-lhe a religião como alguma
coisa séria, que envolve toda a nossa existência e criar, de fato, uma vida
cristã, na Paróquia. Por isto mesmo, creio eu, foi o maior de todos os vigários
de Itaúna, o que realizou trabalho mais difícil – vencendo preconceitos,
destruindo uma mentalidade secularmente errada.
Não vai isto em desdouro dos grandes sacerdotes que lhe seguiram o
caminho. Mas foi ele o iniciador e o realizador desta obra admirável.
Vivo,
espirituoso, alegre, sabia compreender e amar o povo. Não se enquadrava nos
ângulos apertados do rigorismo - mas era cioso dos direitos e dos interesses da
Igreja. Fundou associações religiosas, remodelou as existentes, organizou o
serviço religioso e criou, em Itaúna, um círculo de admiração e de amizade, que
só desaparecerá, quando se extinguirem as gerações que lhe aprenderam exemplo
de virtudes e receberam os seus admiráveis ensinamento. (ACAIACA,1954)
No
dia 7 de outubro de 1924, chegava em Itaúna o Pe. Cornélio Pinto da Fonseca sendo
o coadjutor do Pe. João Ferreira Álvares da Silva, quinto padre da Paróquia de
Sant’Anna, o qual, desejava trabalhar na Santa Casa de Itaúna e fazendo
um pedido ao Bispado de Belo Horizonte, foi prontamente atendido seu desejo (TOMBO,
p.7v). Por carta, o Bispo da capital mineira, anunciava as boas novas a Paróquia de Sant'Ana:
Dom
Antônio, dos Santos Cabral. Por mercê de Deus e da Santa Fé Apostólica, Bispo
de Belo Horizonte. Aos seus esta Provisão virem, Saudações, Paz e Bênçãos no
Senhor.
Fazemos
saber que, atendendo nós ao bem espiritual do rebanho que pela Divina
Misericórdia, foi confinada à nossa pastoral solicitude e querendo que os fiéis
da Paróquia de Itaúna deste nosso Bispado não fiquem privados de pastor que
zele de sua eterna salvação: Havemos por bem prover, como pelo presente nossa
Provisão, faremos na recuperação de Vigário Encomendado dessa Igreja, com as
faculdades ordinárias por tempo de um ano se antes não determinarmos o
contrário, ao Pe. Cornélio Pinto da Fonseca, servirá este cargo como convêm ao
serviço de Deus e aos bens das almas de seus paroquianos ... (TOMBO, p.7v).
O
Pe. Cornélio Pinto da Fonseca, no dia 8 de dezembro de 1924 era nomeado pároco da Paróquia de Sant’Anna de Itaúna e o Pe. João Ferreira Álvares era nomeado
capelão da Santa Casa de Itaúna. Por
ocasião desta posse, o Pe. Cornélio elaborou um Inventário da Igreja Matriz de Itaúna que está disponível para pesquisa em: https://itaunaemdecadas.blogspot.com.br/2017/01/velha-matriz-de-itauna.html
No
ano de 1926, o Pe. Cornélio fez um “Remodelamento da Matriz”:
A
Matriz estava em condições nojentas e miseráveis. Com a graça de Deus e pela
reforma completa que sofreu, tomou outro aspecto bem agradável. O telhado onde
se alojavam milhares de morcegos foi todo removido e outra vez engessado; as
paredes caiadas; as grades que no centro da Matriz formavam uma espécie de V
foram suspensas como também 2 púlpitos à altura do côro nas paredes; no
assoalho foi aplanado e aí colocados bancos; todas as figuras muito mal
pintadas no forro e outros lugares foram cobertas por nova tinta a óleo. A
importância deste gasto foi de 6:848$145 - seis contos, oitocentos e quarenta e
oito mil e cento e quarenta e cinco réis (TOMBO, p.14).
No
dia 5 de junho de 1927, Pe. Cornélio recebia na Igreja da Matriz, o Pe. Rossini
Cândido Nogueira, que celebrava sua primeira missa em terra natal, visto que,
no dia 29 de maio do mesmo ano, havia recebido as ordens sacras na arquidiocese
da capital mineira. Neste dia especial de celebração estavam presentes: o
vigário geral do arcebispado, Monsenhor João Rodrigues, o Major Senócrit
Nogueira, seu pai adotivo, o advogado dr. Mário Matos e o historiador
João Dornas Filho. Após a missa solene,
foi oferecido um “banquete” no salão do Club
Itaunense, cujo homenageado foi felicitado e abraçado por todos. (LAR
CATHÓLICO, 1927)
Importante
registar que, o Pe. Rossini foi criado e educado pelo Major Senócrit Nogueira, sendo uma figura saliente no clero mineiro pelos seus
dotes intelectuais. O jovem sacerdote escolheu morada definitiva na cidade de Juiz de
Fora.(DORNAS, 1951).
Ano
de 1928, chegava ao fim a passagem de Pe. Cornélio por Itaúna, todavia, mesmo
sendo um curto período de apenas quatros anos de intensos trabalhos à frente
da paróquia, o sacerdote logrou cumprir muito bem a sua missão.
Início
do ano de 1929, o Pe. Cornélio fixava nova residência em Belo Horizonte e
atento ao novo chamado de Dom Antônio dos Santos Cabral, o pároco assumia
novamente a missão de servir a Deus e ao próximo, tendo como local, a Catedral
de Nossa Senhora da Boa Viagem.
Neste
mesmo ano, o Jornal “O Paiz”, registra uma manifestação do encontro de
católicos, vindo de várias cidades mineiras para a capital, com o objetivo de
expressar gratidão ao Presidente do Estado de Minas Gerais, Antônio Carlos
Ribeiro de Andrada. A manifestação teve
grandioso e inexcedível brilho, sendo o maior movimento coletivo registrado em Minas. Eis um trecho da reportagem do jornal:
As
16:30 horas realizou-se um corrido Te
Deum na praça da Liberdade. A cerimonia sacra foi cantada por grande coro,
sob a direção do maestro Justino da Conceição. Tomou parte no grupo um grande
número de alunas da professora Branca de Carvalho, docente da Escola Normal de
Belo Horizonte. Ao chegar à praça da Liberdade, acompanhando de seus
secretários de governo e de altas autoridades, o presidente Antônio Carlos foi
recebido pelos Drs. Policarpo Viotti, Álvaro Benício de Paiva e pelo Pe.
Cornélio Pinto da Fonseca, que o conduziram à tribuna de honra. (O PAÍZ, 1929).
Grandes
obras e desafios Pe. Cornélio Pinto da Fonseca vivenciou e realizou. Ainda como registro de seus trabalhos, na década de 30 fixou nova residência em São Paulo, tornando-se Frade Carmelita Descalço e vindo a falecer no ano de 1974, uma vez que, sua terra natal, era
Cardosos de Pitangui, hoje Conceição do Pará-MG.
No
ano de 1976, a Paróquia de Sant’Ana enviou uma carta a Prefeitura informando a
importância de homenagear os “vigários que passaram por Itaúna” — o desideratum foi aceito.
REFERÊNCIAS:
FILHO, João Dornas. Itaúna: Contribuição para
a história do município, 1936.
Livro
do Tombo da Paróquia de Sant’Anna de Itaúna -
15/09/1902 a 31/12/1947.
Revista
Acaiaca, 1954.
Itaúna Décadas: Velha Matriz de Itaúna: https://itaunaemdecadas.blogspot.com.br/2017/01/velha-matriz-de-itauna.html
Itaúna Décadas: Velha Matriz de Itaúna: https://itaunaemdecadas.blogspot.com.br/2017/01/velha-matriz-de-itauna.html
Diocese
de Divinópolis/Minas Gerais. Disponível em: <https://www.diocesedivinopolis.org.br/index.asp?c=padrao&modulo=conteudo&url=5213>.
Carmelitas
Descalças da Ordem da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo. Disponível
em: http://www.carmelitasbh.com/historico
PERIÓDICOS:
JORNAL:
O PAIS, RJ, 1929, nº 16.248 e 16249, p.2
JORNAL:
LAR CATHOLICO, Juiz de Fora, 1927, nº 28, p.223
ACERVO: Paróquia
Sant’Ana de Itaúna - Galeria de Párocos. Disponível em: http://www.paroquiadesantana.com.br/site/index.php/2015-12-01-14-05-07/galeria-de-parocos
PESQUISA:
Patrícia
Gonçalves Nogueira
PROJETO DE LEI DOS LOGRADOUROS:
Prefeitura Municipal de Itaúna
PESQUISA TEXTO E ELABORAÇÃO:
Charles
Galvão de Aquino. Pós-Graduando em História e Cultura no Brasil Contemporâneo -
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
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