Projeto de Lei 187/27 - CEP: 35680-055
Denomina logradouro público: Rua Manoel Gonçalves / Centro
Lei
nº 187 de 29 de janeiro de 1927
Mudando
o nome de algumas ruas da cidade
O
Povo do município de Itaúna, por seus vereadores, decretou, e eu em seu nome,
sanciono a seguinte Lei:
Art
1º — Ficam mudados os nomes das ruas Tiradentes para Antônio de Mattos; Matriz
para MANOEL GONÇALVES e 15 de Junho para Josias Machado.
Art.
2º — Revogam-se as disposições em contrário.
Mando,
portanto, a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da referida
Lei pertencerem, que a cumpram e façam cumprir tão inteiramente, como nela se
contém.
Sala
das Sessões da Câmara, 29 de janeiro de 1927
Dario
Gonçalves de Souza — Presidente
Registrada
e publicada nesta Secretária, aos 29 de janeiro de 1927
Sílvio
de Mattos — Membro
Manoel Gonçalves de Souza Moreira
(Manoelzinho do Hospital)
(*1851 +1920)
1ª Biografia
Nasceu
em Santana do São João Acima, aos 19 de dezembro de 1851, filho de Manoel José
de Souza Moreira e de Dª Ana Joaquina de Jesus. Seu pai, Manoel José de Souza
Moreira, nascido em Bonfim, em 5 de fevereiro de 1829 e falecido em Sant'Ana do
são João Acima, aos 22 de dezembro de 1898, foi o pioneiro da industrialização
local e a mais importante expressão da família Souza Moreira de Bonfim. Fundou
a Casa Comercial "Moreira & Filhos", de grande importância para a
formação econômica e histórica de Itaúna. Contribuiu para transformar o arraial
de Santana no principal empório comercial da região Centro Oeste de Minas.
Foi
na firma "Moreira & Filhos" que Manoel Gonçalves de Souza
Moreira, João de Cerqueira Lima e Josias Nogueira Machado (respectivamente
filho e genros do seu patrão), aprenderam e se tornaram hábeis comerciantes.
Manoel Gonçalves de Souza Moreira foi um legítimo herdeiro das qualidades e
virtudes de seu notável pai, que ainda muito jovem se tornou sócio da firma
"Moreira & Filhos", no qual, trabalhando arduamente fez carreira
de balconista a gerente, acumulou desde cedo bom patrimônio e vivendo
exclusivamente para o trabalho.
Participou
ativamente na estruturação da Companhia de Tecidos Santanense, de que, foi
fundador com seu pai, Manoel de Souza Moreira. Quando da Assembleia Geral da
fundação realizada em 23 de outubro de 1891, com apenas 29 anos de Idade,
subscreveu 400 ações, no valor de 80 contos, importância altamente expressiva
para época, somente precedido por seu pai, Manoel José de Souza Moreira, que
subscreveu 600 ações, no valor de 120 contos de réis. Ele e seu pai eram
realmente os únicos ricos da família. Depositaram no Banco do Império do Brasil
os 60 contos de réis necessários, 30 de cada um deles, como caução, para lançar
as ações da primeira sociedade anônima de Itaúna.
Foram
a pedra fundamental da mentalidade capitalista de Itaúna, capitalismo caboclo,
familiar e paternalista. Manoel Gonçalves de Souza Moreira, foi diretor e
tesoureiro da empresa desde sua fundação até o ano de 1904, quando, atraído
pelo rápido progresso na nova capital mineira, inaugurada em 12 de dezembro de
1897, no qual, se transferiu pra Belo Horizonte.
Lá
com sua mentalidade de empresário bem-sucedido, foi um dos fundadores da
Companhia Industrial Belo Horizonte, com capital de 600 contos de réis, sendo
eleito na Assembleia de Constituição, realizada aos 28 dias de agosto de 1906,
membro da primeira diretoria, para o mandando de 1906 a 1911, composta pelos
fundadores da sociedade, a saber: Cel. Inácio Magalhães; Cel. Manoel Gonçalves
de Souza Moreira e Cel. Américo Teixeira Guimarães.
Ante
monarquista histórico, foi o principal fundador em 21 de abril de 1889 do
"Clube republicano 21 de Abril", de Sant'Ana do São Rio João Acima,
sendo eleito pelos noventa membros que o acompanharam na fundação, e também
pelas principais lideranças santanenses, presidente do clube e que se filiou ao
Centro Republicano, de igual nome, em Ouro Preto. Foi também o criador, em 13
de abril de 1890, do semanário o "Centro de Minas", o primeiro jornal
a circular em Sant'Ana do Rio São João Acima.
Ao
regressar de sua viagem à Europa, em Paris, na Cidade Luz, já idoso, passou a
meditar em profundidade sobre o destino a ser dado ao expressivo patrimônio por
ele acumulado. Não possuía filhos e amava Itaúna, a terra de seu nascimento.
Espírito cristão e fraterno tomou a mais importante decisão de sua vida
modelar: fundar, em sua terra natal, uma "Casa de Caridade", e doar
parcela substancial de seu grande patrimônio a uma instituição que viesse a ser
construída com o objetivo de instalar e manter o hospital, um asilo de velho,
um pavilhão para tuberculosos; bem como investir, conforme recomendado em seu
testamento, na educação dos jovens itaunenses.
Casou-se
com a sua prima Maria Gonçalves de Souza Moreira, conhecida por Dª Cota, no
qual, foi uma das mais extraordinárias personalidades de Itaúna, sem dúvida o
maior filantropo do século XX em nossa cidade, pelo seu alto espírito
humanitário. Este ato o credenciou ao respeito, ao apreço e à eterna gratidão
de todos itaunenses, pois se transformou em nosso maior benfeitor. Faleceu em
Belo Horizonte, aos 20 dias de junho de 1920, aos 68 anos de idade, sendo
sepultado, como do seu desejo, em Itaúna, junto à "Casa de Caridade"
que ostenta o seu benemérito nome.
Sua
Viúva, Dª Maria Gonçalves de Souza Moreira, a caridosa Dª Cota, alguns anos
após, impulsionada por seus sentimentos cristãos e inspirada no belo
ensinamento de seu esposo, fundou o "Orfanato São Vicente de Paula".
Ela faleceu em 26 de novembro de 1954, aos 79 anos de idade, sendo sepultada,
em Itaúna, como de sua vontade, sendo verdadeiro que ela se tornou benfeitora e
benemérita.
Esta
é a origem da "Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira",
da Escola Normal e do Colégio Santana.
2ª Biografia
Entre
os itaunenses ilustres, um dos maiores foi, sem dúvida, Manoel Gonçalves de
Sousa Moreira. Morreu no primeiro quartel do século XX, quando ainda havia
muita insensibilidade diante do sofrimento. E ele pensou em todos os
necessitados. Dono de uma fortuna considerável, usou de seu patrimônio para
construir a Santa Casa e deixar-lhe fartos meios de subsistência. Pediu em
testamento, que com o excesso das rendas do hospital, fossem construídos dois
colégios - um para moças e outro para moços.
E
temos a Escola Normal e o Colégio Santana, erguidos com o que sobrava à Santa
Casa. Mais tarde, sua viúva, Maria Gonçalves de Souza Moreira, Dª Cota, como a
chamávamos, fundou o Orfanato São Vicente, dotando-o também com valioso
patrimônio. Assim, o que temos de melhor, na área da educação e da caridade -
exceto a Universidade - devemos a Manoel Gonçalves de Souza Moreira. Não o
conheci, lembra-me apenas o dia em que seu corpo chegou para um velório, numa
das salas da Santa Casa, recém construída. Lá estive ainda criança, com minha
mãe que lhe fora prestar sua última homenagem.
Um
dos grandes valores doados à Santa Casa por Manoel Gonçalves de Sousa Moreira
foi sua casa de residência, ampla e bonita, que eu conheci. Ocupava um lote
enorme, na Rua Tupis, quase na esquina da Avenida Afonso Pena, onde hoje se
erguem uma igreja e um colégio protestantes.
O
lote e o local eram de tal modo privilegiados que Ferreira Gonçalves, um grande
amigo de Itaúna, na época de seu apogeu, fez uma oferta extraordinária à Santa
Casa. Construiria ali um belo prédio de 14 pavimentos. A Santa Casa exploraria as lojas, no térreo e
ele, Ferreira Gonçalves, durante 10 anos os 13 pavimentos superiores. Ao fim
dos 10 anos a Santa Casa se tornaria proprietária de todo o prédio. Pude ver o
projeto, pois Ferreira Gonçalves, ainda hoje é um bom amigo, apesar de agora
nos encontrarmos raramente e ele já estar vivendo os seus noventa e tantos
anos.
Itaúna é devedora a Manoel Gonçalves de Sousa
Moreira de uma justa homenagem. Faz pena ver o seu túmulo, ali na velha Santa
Casa, tão esquecido e abandonado. Nada mais justo do que perpetuar-lhe a
memória, com um bom monumento, numa das praças da cidade. Mais que ninguém ele
o merece. A administração que o fizer terá honrado um dos maiores, se não o
maior dos itaunenses.
REFERÊNCIAS:
Pesquisa:
Charles Aquino, Patrícia Gonçalves Nogueira
Organização:
Charles Aquino
Acervo:
Instituto Cultural Maria Castro Nogueira
Projeto
de Lei dos Logradouros: Prefeitura Municipal de Itaúna
1ª
Biografia: Guaracy de Castro Nogueira (In memoriam)
2ª
Biografia: Monsenhor Hilton Gonçalves de Sousa (In memoriam) / Jornal
Brexó,1983.
Lei
Municipal de Itaúna nº 187, p.215, 1927.
Colaboradora:
Viviane Nogueira Mello
Acervo: Hospital Manoel Gonçalves / Itaúna-MG
Acervo: Hospital Manoel Gonçalves / Itaúna-MG
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