Decreto
de Lei 29/38 L4 – CEP: 35680-063
Denomina
logradouro público: Rua João de Cerqueira Lima / Centro
1ª BIOGRAFIA
"Ontem, à tarde, ao sol posto,
Passei junto à tua porta,
E vi com grande desgosto
Que minha esp'rança
era morta"
Ele
escreveu esp'rança à portuguesa e não
esperança, sonoramente à brasileira. São versos da Revista " Cigarra do
Sertão", que João Lima, Mário Matos e eu escrevemos, já lá vai um punhado
de anos.
Basta
o esp'rança para se descobrir que a
quadra saiu da pena lírica de João de Cerqueira Lima.
Posto
que tinha vindo bem pequeno para o Brasil, a linguagem revela desde logo a
origem. Mamou o leite materno em
Portugal, na Beira, em Castanheira de Pêra, onde viu a luz pela primeira vez,
no dia 21 de abril de 1870. Menino e não
moço ainda, levou-o o destino pra longes terras. Seus pais, Antônio de
Cerqueira Lima e Maria Júlia de Cerqueira Lima, resolveram abandonar a pátria e
emigrar, com os filhos, para o Brasil.
A
imaginação de sonhador, o espírito de aventuras, a alma de romântico, a ânsia
do desconhecido, o desejo de viagens fantásticas, a ilusão de mundos novos,
virgens e ignotos em remate, os mares de D.Afonso Henriques, a alma portuguesa
enfim, sonhadora e romântica, lírica e aventureira, ensofrega e destemerosa, irrequieta
e angustiada não permitiram que o lusitano Antônio de Cerqueira Lima
envelhecesse calmamente e mansamente na pátria amada.
Por
isso, com a família, atravessou o Atlântico, rumo ao Brasil, isto é, ao
desconhecido, em viagem perigosa, que todas eram, naquela época. Chegado que
foi ao Rio de Janeiro mete-se com a família pelo interior, e junto com os
tropeiros, cavalgando ásperos burros de cela, afundou 600 léguas sertão bruto a
dentro, atravessando a perigosíssima serra da Mantiqueira, onde tinha seu quartel
bem organizada quadrilha de gatunos, que para roubar, matavam os viajantes
desprevenidos.
E
veio com a família terminar viagem no centro, no coração de Minas Gerais,
instalando-se na cidade de Bonfim, onde se estabeleceu com uma casa comercial.
Seu filho, o nosso João de Cerqueira Lima, contava apenas 10 anos de idade, e,
para fazer a viagem, acompanhando os pais, interrompera os estudos primários
que frequentou apenas durante 6 meses.
O
menino João de Cerqueira Lima, ajudava o pai, por todos os meios ao seu alcance,
não rejeitando serviço por duro ou pesado, indo de servente de pedreiro a
caixeiro do pai, da casa de comércio. As compras para sortimento de negócio,
eram feitas em Sant'Anna de São João Acima, na casa de comércio de Manoel
Gonçalves de Souza Moreira.
Nota-se,
de passagem, a força, o poder deste arraial de Sant’Anna, a futura cidade de
Itaúna. Era o arraial grande e poderoso empório comercial, onde havia dois
estabelecimentos notáveis, a casa de Manoel Gonçalves de Souza Moreira e a casa
de Josias Nogueira Machado. Assombroso, por numerosíssimo, era o movimento de
tropas e tropeiros, que de Sant'Anna de São João Acima partiam em todas as direções.
O pequeno e modesto arraial supria de tudo, fornecendo, quaisquer mercadorias, não
só a muitos arraiais como ainda a várias cidades.
Antônio
de Cerqueira Lima, porém, não prosperou. Ou porque fosse muito bondoso ou
porque o estabelecimento não rendesse o suficiente para sustentar a família, o
certo é que fracassou o empreendimento comercial, falindo. Como consequência,
ficou devendo a Manoel Gonçalves de Souza Moreira a importância que montava a
um cento e tanto. Sempre foi o português Antônio de Cerqueira Lima homem e correto,
e, no descalabro de seu negócio, tomou as providências necessárias para saldar
todas as dívidas. Não encontrou, porém, jeito de fazer o pagamento, a Manoel
Gonçalves de Souza Moreira, e o recurso foi mandar o filho João trabalhar como
caixeiro, até que fosse feito pagamento total, aos poucos, mediante um minguado
ordenado que recebia.
E
João de Cerqueira Lima, quando veio para Sant'Anna de São João Acima, trabalhar
para pagar a dívida paterna, contava apenas11 anos. Uma criança que precisava
de brinquedos, ia lutar duramente, com a grave responsabilidade de saldar a
dívida contraída pelo progenitor. Deixou o pai amado, e a mãe idolatrada, os
irmãos queridos e, montado num burrico qualquer, partiu para o arraial bravo,
cheio de lutas e ambições, de gente aventureira, que surgia de todas as bandas,
sem freios e nem policiada, onde todas as noites havia rixas e desavenças,
tiros e facadas, feridos e mortos. Partiu com 11 anos de idade, mal sabendo ler
e fazer contas para trabalhar para um patrão severo e rigoroso. Conseguiu com
paciência e tenacidade pagar a dívida, tendo mais resignação que o Jacó da Bíblia,
pois levou 11 anos trabalhando para pagar tudo. Entrou para a casa com 11 anos
de idade e a deixou com 22 anos, recebendo, após o acerto de contas, a
importância de uma pataca.
Bendita
a hora, em que chegou a Sant'Anna de São João Acima o menino João de Cerqueira
Lima! Bendita dívida, que obrigou o menino João de Cerqueira Lima a permanecer
em Sant'Anna.
Por
que João de Cerqueira lima veio a ser um dos maiores vultos de Itaúna? Porque
foi ele quem consolidou a Fábrica de Tecidos Santanense, na iminência de um
geral fracasso. Porque foi ele que ergueu, junto com Dr. Augusto Gonçalves de
Souza a Cia. Industrial Itaunense, de que foi a alma. Porque Itaúna deve a João
de Cerqueira Lima a riqueza que possui, a grandeza que ostenta, o progresso que
causa admiração, a força industrial que a anima.
Sim,
porque, se não fossem criadas as duas poderosas as duas poderosas indústrias de
tecidos, que se devem em última análise, a João de Cerqueira Lima, Itaúna estaria
hoje modorrando ao sol, como cidade morta.
Mas, continuemos a seguir a vida do lutador.
O
trabalho de caixeiro lhe dava poucas horas de folga, que era, porém bem
aproveitadas pela criança inteligente e séria. E só podia dispor desses raros
momentos de fazer, pois aos domingos e dias santos. O trabalho era dobrado. Em
geral, as populações das roças, fazendeiros e lavradores, preferiam os domingos
e dias santificados para as compras. Vinham à missa, passavam e faziam compras
necessárias. Havia, assim, nos dias destinados ao descanso, desusado movimento,
verdadeira azafama, que punham os pobres caixeiros numa roda viva.
O
menino, cujo caráter a dureza da vida amoldara rijamente, nas horas vagas, ao
invés de brincar ou passear, tratava de estudar, procurando compreender consigo
mesmo o que não pode fazer na escola, por a ter frequentado somente seis meses.
Formoso
exemplo de autodidata. E não foi o único que apareceu em Sant'Anna. Mais dois
pelos menos merecem ser citados e foram Aureliano Nogueira Machado, cujo
diploma de farmacêutico trazia a assinatura de D. Pedro II e Joaquim Marra da Silva,
o jornalista de linguagem correta e castiça, foram mais ou menos contemporâneos,
ainda que João de Cerqueira Lima fosse bem mais moço. O fato exato é que João de
Cerqueira Lima, em pouco tempo, sem professor e sem guia, fazia a escrita da
cassa, com perícia e perfeição como competente contabilista, isto, aos 16 anos
de idade, isto é, cinco anos depois que bons ventos o trouxeram para Sant’Anna.
Quando contava 20 anos, teve que assumir a direção da casa, porque Manoel
Gonçalves de Souza adoecera de reumatismo e ficara preso ao leito, entrevado,
durante quase 2 anos.
Encontrou
o povo de Sant'Anna a murmurar, dizendo que o negócio iria por água abaixo,
porque o jovem João de Cerqueira Lima não daria conta do recado, e, faltando o
chefe, que sempre esteve à frente, tudo iria mal. E muita gente boa antegozava
o fracasso do negócio, numa satisfação mal dissimulada. A fim de estimular o
rapaz e dar-lhes mais ânimo. Manoel Gonçalves de Souza Moreira prometeu-lhe dez
por cento sobre os lucros, se os houvesse.
Curado
o patrão, tornou a assumir a direção de seu estabelecimento comercial, e, foi quando
houve a desavença, que os separou. A casa dera mais lucros sob a direção do
moço do que antes. Parece que o patrão não gostou, e, no acerto de contas,
houve atrito e discussão, e, como resultado, o moço João de Cerqueira Lima
deixou a casa, onde trabalhou 11 anos seguidamente. Por esse tempo já andava de
namoro com a senhorita Ana, na intimidade Aninha, filha do Coronel Manoel José
de Souza Moreira. Na igreja, que foi
mais tarde demolida, situada no largo da Matriz, durante a missa, é que ele via
a namorava o brotinho Aninha. Como a semana demorava a passar, para que
chegasse o abençoado domingo! E era um instante apenas, pois tão pouco lhe
parecia a meia hora da missa, finda a qual corria para o balcão, a atender o
povo das roças, que queria fazer compras.
A moça Ana ficou verdadeiramente apaixonada
pelo rapaz, que era elegante, de boas falas e já perito na metrificação. Com
certeza, compôs-lhe muitos madrigais apaixonados, poeta que era, mas possível
não foi obter sequer uma poesia a esse respeito. Manoel José de Souza Moreira, via o namoro
com bons olhos, pois, adivinhava no moço, honesto, sério e trabalhador, um
homem de futuro. Não pensava, assim, o
filho de Manoel Gonçalves de Souza Moreira, o Manoelzinho ou o Moreira, como
era chamado. Com o amparo do pai e do irmão da jovem, Jovino Gonçalves de
Souza, o namoro progredia, para em breve chegar ao noivado. Dizem que Manoel
Gonçalves de Souza Moreira, o Manoelzinho, fizera grande oposição, chegando a
ponto de oferecer à mana a quantidade de cem contos de reis, fortuna imensa
naquele tempo, para que ela abandonasse o João Lima, não se casando com ele.
Parece lenda, porque a importância é mesmo fabulosa. O fato é que a menina
Aninha não quis saber do dinheiro, porque estava doidinha para se casar com o
João. Pelo menos diz, um antigo
jornalzinho, que se publicou em Itaúna:
- "A menina Aninha queria porque queria
casar com o João, e, quando escutava o sino da Matriz, era assim que o sino
falava: Casa com o João que o João é bom! Casa com o João que o João é bom! Ouviu
o conselho do sino e casou mesmo com o João".
Já
nesse tempo de namoro, negociava João de Cerqueira Lima de sociedade com Jovino
Gonçalves de Souza, seu futuro cunhado, de quem era muito amigo. O casamento de
João de Cerqueira Lima e Ana Gonçalves de Souza foi celebrado no ano de 1894,
na mesma Matriz, onde começaram o namoro.
Tratava-se
por esse tempo, da construção da Fábrica de Tecidos Santanense, empresa
gigantesca para aqueles tempos remotos. Manoel José de Souza Moreira com seus
irmãos José Gonçalves de Souza, Francisco Gonçalves de Souza e Vicente
Gonçalves de Souza, e, também, seu filho Manoel Gonçalves de Souza Moreira
estavam edificando ou construindo a Fábrica, cujo capital inicial era de
seiscentos contos, um capital muito elevado, considerada para a época. As
dificuldades eram imensas, basta lembrar que, desde o Rio de Janeiro até
Sant'Anna de São João Acima, todas as máquinas, e muitas eram pesadíssimas,
tiveram que ser transportadas nos lombos dos burros ou em carros de bois, numa
viagem lenta que durava meses. E as dificuldades foram sempre subindo de ponto,
de tal jeito que a turma desanimou e estava resolvida a liquidar a incipiente
Fábrica. A turma, não. É preciso explicar bem. Manoel José de Souza Moreira não
desanimou nem concordou ou consentiu que se liquidasse a empresa. Desanimado, o
filho Manoel não quis mais continuar à frente do empreendimento. Nesse ponto,
foi lembrado João de Cerqueira Lima e o sogro o levou para a direção da
Fábrica. Deixou assim, o comércio, no ano de 1895, para assumir a gerência da
Fábrica de Tecidos Santanense.
Em
pouco tempo, reergueu a empresa, evitando que se perdesse tanto esforço e tanto
capital. Não pode, porém, continuar muito tempo, pois houve grave atrito e desavença
com o cunhado Manoel Gonçalves de Souza Moreira, que, afinal, voltou a dirigir
a indústria de tecidos.
João
Lima retornou ao comércio, estabelecendo-se com nova casa comercial, à rua
Silva Jardim, esquina com Artur Bernardes, onde hoje está a casa de seu filho
João de Cerqueira Lima Júnior. A primeira casa comercial de sociedade com
Jovino Gonçalves de Souza estava situada na mesma rua, porém, mais abaixo, mais
ou menos onde está hoje a casa do Sr. Francisco Francisco Guimarães, à praça
Luiz Ribeiro. Ai, na rua Silva Jardim,
negociou até o ano de 1911 quando se deram dois fatos auspiciosos para Itaúna —
A chegada da Estrada Oeste de Minas e a Fundação da Companhia Industrial
Itaunense.
João
Lima vendeu a casa comercial e foi ser diretor gerente da Cia. Industrial
Itaunense, que dirigiu, administrando, com muito tino e argúcia, até o ano de
1938, em que já doente passou a cargo a seu filho José de Cerqueira Lima, que é
o atual diretor gerente. Itaunense notável entre os mais notáveis, ainda que nascido
em Portugal, João de Cerqueira Lima passou toda a vida em Itaúna, desde a
infância à velhice, dedicou toda a existência a este torrão bendito de
Sant'Anna de São João Acima. Por esta terra lutou, empenhando todas as forças e
recursos em todos os setores, quer no social e político que no econômico ou
industrial. Não se indigita cometimento de vulto em Itaúna que não traga a
marca do lutador resoluto, não há fato de importância que não ostente algum
sinal de sua presença. Entretanto, não quis o destino que, assim como não
nascesse em Sant’Anna, viesse, também, a falecer na cidade que ajudara
eficientemente a edificar e amava tanto.
Grave
enfermidade o levara ao Rio de Janeiro, na intenção não só de lhe minorar os
padecimentos, como, e principalmente, de prolongar a existência.
Nascera
esse grande itaunense (seja -se permitido dizer assim, que fora sempre, como os
maiores, de toda a alma e coração) em Portugal e falecera, no Rio de Janeiro.
Caprichos do destino. Falecido na Capital Federal, a 11 de setembro de 1942,
foi o corpo conduzido para Itaúna, em cujo cemitério municipal, foi inumado no
dia 12. No dia da chegada do corpo em Itaúna, imensa multidão encheu o largo da
Matriz, havendo encomendação assistida por toda a população, que contrita, ou em
prantos ou em preces fervorosas, assim homenageava o grande homem, tão estimado
de todos, já dos ricos, a quem, sempre, amparou ou antes ajudou a enriquecer,
já dos pobres e da engrandecida mole de operários, a quem amenizou a dureza da
existência, oferecendo trabalho, propiciando meios dignos de subsistência.
Itaúna
precisava de render uma homenagem de relevo ao grande filho, não só num preito
de gratidão, mas principalmente num elegante gesto de justiça. É verdade que a
rua onde se localizou a Fábrica de Tecidos que fundou, consolidou e dirigiu,
com competência, brilho e dignidade, recebeu seu nome, conforme decreto do
Prefeito de então. Além da rua João de Cerqueira Lima, que lembra o nome do
imorredouro itaunense, há necessidade outra homenagem maior, de imponência e de
culto condizentes com a grandeza rebrilhante do homenageado.
Deixou
os seguintes filhos, que seguem o exemplo paterno, na honradez, no trabalho, na
dignidade e na inteligência: José, João, Afonso, Manoel Maria e Alice. Havia o sétimo,
Ana moça prendada, que adoecendo de gripe pulmonar, no Colégio de Mariana, onde
estudava como aluna interna, partiu ainda gravemente enferma para Itaúna, onde
veio a falecer poucos dias depois. Morrera na flor da idade, quando contava 18
anos.
Além
desses filhos, houve mais três, que faleceram, quando pequenos: O 1º José, a 1ª
Ana, a 1ª Maria. Houve, pois, dois
filhos com os nomes José, Ana e Maria.
Em
memória, aqui ficam estas palavras, como singela homenagem de Itaúna agradecida
a João de Cerqueira Lima.
2ª BIOGRAFIA
Célebre
personagem que se fez dentro de nossa terra e que aqui chegara aos 10 anos de idade,
vindo antes das Plagas Lusitanas, natural de Castanheira de Pêra bem ao pé de
Coimbra, onde nascera a 21 de abril de 1870, filho de Antônio de Cerqueira Lima
e de Maria Júlia Baeta Neves. Já então Maria Júlia de Cerqueira Lima, nome
registrado em Portugal de conformidade com a herança matrimonial; era irmã do
velho Caetano Baeta neves, de muitos anos antes, radicado em nossa vizinha
cidade de Bonfim.
Em
1879 Antônio de Cerqueira Lima viera ao Brasil preparar ambiente de trabalho
para trazer mais tarde sua família, que havia deixado em Portugal. Dirigiu-se logo que chegou a Minas, para a
cidade de Bonfim, onde exercera a função de pedreiro, trabalhando na construção
da Igreja daquela localidade. Um ano depois, fim de 1880, voltou a Portugal
para buscar a família. João de Cerqueira Lima que já trabalhava em Portugal
como auxiliar de pedreiro caiu certo dia de um pinheiro e esteve prestes a
amputar sua perna esquerda, mas, o destino reservou-lhe a cura do ferimento e
viu-se livre de perder a perna.
Quando
a família, pressurosa leu no jornal os nomes de passageiros do navio que levava
de regresso Antônio de Cerqueira Lima, sentiu-se feliz, porém já lhe falecido
sua filha menor Maria Guilhermina, que falecera em terna idade. Seus filhos até
então restantes eram: João de Cerqueira Lima, Cristina de Cerqueira Lima e
Fortunata de Cerqueira Lima, os quais foram aos cais do porto, assistir ao
desembarque de seu pai Antônio de Cerqueira Lima. Assim que viram surgir um
senhor de fisionomia atraente e de barbas negras, correram-lhe ao encontro e
perguntaram-lhe: É o senhor, nosso pai Antônio de Cerqueira Lima? Acolhidos
pelo papai, seguiram juntos.
Indescritível a euforia de todos em sua residência. Desde então,
prepararam a mudança e em janeiro de 1881 vieram para o Brasil.
Chegados
ao Rio de Janeiro em fevereiro de 1881, logo que obtiveram a devida licença
para o desembarque, foram para a quinta dos Irmãos A. Bebiano, fortes
comerciantes de secos e molhados, estabelecidos na rua 1º de março, no Rio de Janeiro,
e primos de Maria Júlia de Cerqueira Lima, onde permaneceram durante cinco dias
e dali se transportaram com destino a minas seguindo diretamente para a cidade
de Bonfim, onde passaram a residir.
Quatro
anos depois, em 1885 resolveu Antônio de Cerqueira Lima seguir com a família
para o povoado de Papagaios de Pitangui, onde passaria a comerciar. Foi nessa
ocasião que João de Cerqueira Lima que havia ficado em Itaúna, para trabalhar
como caixeiro junto à Firma Comercial Moreira e Filhos, assumir aos seus quinze
anos de idade responsabilidade do pagamento de um débito de seu pai de trinta
contos de reis (30:000$000) dinheiro que havia obtido por empréstimo, para
abrir casa comercial em Papagaios MG. E foi com a máxima pontualidade que o filho
lhe cobriu o débito. Tais foram os dotes
de atividade, honradez e inteligência do menor João de Cerqueira Lima, que três
anos depois, aos seus dezoito anos de idade, elevava-se ao cargo de Guarda-Livros
da firma e dois anos depois, aos vinte de idade, ao cargo de gerente da mesma
firma. Na qualidade de gerente da firma, casou-se com Dona Ana Gonçalves de
Souza Moreira que passou a assinar Ana Gonçalves Lima e estabeleceu-se por
conta própria com uma pequena casa de comércio que lhe dera possibilidade de
vencer.
Capacitado
para o comércio e para a indústria, foi escolhido para gerente da Companhia de
tecidos Santanense, que na ocasião estava em grande dificuldade. Ao lado de seu
cunhado Dr. Augusto Gonçalves de Souza e de seu cunhado Cel. Antônio Pereira de
Matos, fundou em 1911 a Companhia Industrial Itaunense, que foi uma de suas
maiores vitórias e como prêmio de seu alto espírito moral e empreendedor. Basta
dizer que em 1912 a referida empresa esteve quase a abrir falência, tal era seu
excesso de produção, sem a satisfatória procura da mercadoria fabricada, em seu
ainda restrito mercado de consumo.
Entretanto,
sorria-lhe o destino, pois, em 1914 explodiu a Primeira Guerra Mundial todo o
estoque fabricado com o máximo de procura, foi rapidamente vendido. E daí para
diante, vemos à nossa frente a grande realização de João de Cerqueira Lima.
Além
de tudo isto, era João de Cerqueira Lima exímio poeta e escritor, porem só
escrevia e manifestava suas produções literárias a amigos íntimos, pois, sua
modéstia jamais permitiu que ele publicasse o que escrevia. Chegou a colaborar
com Mário Matos e Lincoln Nogueira Machado em várias revistas, sendo que, na
última delas, fez trabalhar como protagonistas, seu filho José de Cerqueira
Lima e sua nora Adalgisa Matos.
Mais
tarde impossibilitado de continuar em Itaúna por motivo de falta de saúde
transferiu-se com sua família para o Rio de Janeiro, onde faleceu a 11 de
setembro de 1941 aos setenta e um anos de idade e recebeu sepultura nesta
cidade de Itaúna.
REFERÊNCIAS:
1ª
Biografia e Acervo: Dr. Lincoln Nogueira. Revista Acaiaca (Celso Brant / Ano:1954,nº56, p.89).
2ª
Biografia e Acervo: Torres do Vale / Arquivo Dr. Antônio Lima Coutinho
Revisão
Biográfica: Afonso Henrique da Silva Lima
Pesquisa:
Charles Aquino, Patrícia Gonçalves Nogueira
Organização e fotografia:
Charles Aquino
Projeto de Lei dos Logradouros: Prefeitura Municipal de Itaúna
Projeto de Lei dos Logradouros: Prefeitura Municipal de Itaúna
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