Projeto de Lei 59/2017
- CEP: 35680-000
Denomina
logradouro público: Rua Padre Nilo / Bairro São Bento Etapa II
A
Câmara Municipal de Itaúna, estado de Minas Gerais, decreta:
Art.
1º Denominar-se-á “Rua Padre Nilo” o logradouro público (Rua 01) desta cidade
de Itaúna – MG, localizado no Bairro São Bento Etapa II, que tem seu início na
Rua 09, passando pelas quadras 10, 11, 12, 13, 14, 15, 08 e 09 e pelas Ruas 06,
10, 02, 03, 04, tendo seu término na Rua 05.
Art.
2º A Administração Pública Municipal providenciará a colocação de placas indicativas,
bem como a comunicação à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, o Serviço
Autônomo de Água e Esgoto de Itaúna e a Companhia Energética de Minas Gerais.
Art.
3º As despesas decorrentes desta Lei correrão por conta de dotações próprias do
orçamento vigente do Executivo Municipal.
Art.
4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICATIVA
Padre
Nilo Caetano Pinto nasceu no Distrito de Antônio dos Santos, em Caeté, Minas
Gerais, em 1930. Filho mais velho de Carlito Caetano Pinto e Antônia Luiza Diniz,
teve mais seis irmãos. Aos 11 anos de idade perdeu o pai e começou a trabalhar
para ajudar em casa, entretanto, sem deixar de lado os estudos, que seguiu até
graduar-se em Educação Física na Universidade Federal de Minas Gerais e também
é formado ainda em Direito sem nunca ter exercido a profissão.
Em
1958, casou-se com Florescena Diniz Guimarães Pinto. Quando tinha 28 anos
constituiu uma grande família de 8 filhos são Liliane Guimarães, Carlos Eduardo
Guimarães, Rogério Augusto Guimarães, Adriano José, Gislaine Guimarães,
Cristiane Guimarães, Tatiane Guimarães e Letícia Guimarães, 12 netos e 5 bisnetos.
O
convite para trabalhar na cidade partiu do Dr. Guaracy de Castro Nogueira, que
possuía um amigo em comum com Padre Nilo e lhe chamou para dar aulas de
Educação Física na Escola Normal, atual Escola Estadual de Itaúna, onde atuou
por 34 anos como professor e diretor, e no Colégio Santa’Ana, por 26 anos.
Paralelo
ao trabalho como educador físico, Padre Nilo também participava regularmente
das atividades da Igreja Católica. Criado em uma família religiosa, repassou
aos filhos a devoção a Jesus Cristo e os seus ensinamentos. Além de ser
vicentino, também era ministro da Eucaristia, ministro do Batismo e testemunha
qualificada do matrimônio na Pastoral Familiar e na Pastoral Missionária Rural,
ações que eram realizadas na Paróquia Nossa Senhora da Piedade, onde morava.
Após
24 anos de união, em 1982, sua esposa faleceu em decorrência de uma
enfermidade. Ainda atuando na igreja, Padre Nilo foi questionado pelo então
bispo da época, Dom Cristiano, se ele teria interesse em se casar novamente.
Diante da resposta negativa do viúvo, Dom Cristiano o chamou para ser padre.
Achando
a decisão difícil, pois já estava com 52 anos e tinha ainda filhos vivendo sob
sua responsabilidade, Padre Nilo foi aconselhado por Dom Cristiano a orar para
que chegasse a uma resposta. Assim ele fez, e sentiu que era a vontade de Deus
aceitar a vocação de ser padre.
Entrou
em seguida na Faculdade de Teologia, na Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais, PUC, em Belo Horizonte, onde se preparou durante três anos e seis
meses. Mas cumprir os estudos não foi fácil, pois ele ia para a capital mineira
diariamente às 5 horas da manhã e retornava às 11h30, para trabalhar à tarde e
à noite como professor. Depois de sua aposentaria, em 1990, com 60 anos, foi
ordenado padre e recebeu a autorização do Bispo para continuar morando em sua
casa até que todos os seus filhos se casassem.
Sua
primeira paróquia foi a do Sagrado Coração de Jesus, em Santanense, onde ficou
por dois anos; em seguida, a pedido de Dom José Belvino, foi transferido para o
bairro Padre Eustáquio, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, por cinco anos.
Logo depois, foi chamado pelo Padre Amarildo para ajudá-lo na Paróquia Sant’Ana
por outros cinco anos; deixou o Centro por um ano e dez meses para substituir o
falecido padre Eli, no bairro de Lourdes, na paróquia Nossa Senhora Aparecida,
porém, retornou para a Paróquia Sant’Ana onde exerceu por dezoito anos a função
de Vigário Paroquial.
Padre
Nilo faleceu com 85anos no dia 11 de março de 2016 no hospital Manoel Gonçalves
devido a uma infecção pulmonar. Exerceu sua vocação Sacerdotal por 25 anos.
Viveu intensamente e profundamente o Amor a Deus e ofereceu sua vida aos mais
necessitados como testemunho de um fiel discípulo missionário de Jesus Cristo.
Ele foi um grande ser humano, uma pessoa que tinha muita fé. Sua generosidade,
seu coração caridoso deixou marcas profundas nos corações dos procuravam por
conselhos, força e orientação.
Um Sacerdote por amor!
Sala
das Sessões, em 25 de abril de 2017
Hudson
Bernardes
Vereador
RÉQUIEM
PARA O PADRE NILO
Prof.
Luiz MASCARENHAS*
ITAÚNA amanheceu mais
pobre em seu cenário humano na manhã cinzenta do sábado, dia 12 de março do
corrente ano. Partia para a eternidade o nosso tão querido Pe. Nilo.
Dele muito já foi dito e
muitos outros escreveram e escreverão muitas lindas mensagens, como linda foi a
sua passagem por esta terra. Deixo aqui,
nestes pobres rabiscos, a minha pequena contribuição sobre a Vida deste homem,
com quem convivi desde a minha infância. Cursava eu a antiga 5ª série, no de 1979, há
37 anos – portanto- na Escola Estadual de Itaúna, quando os nossos caminhos se
cruzaram a primeira vez.
Lembro-me da calça
adidas, com as três listras, a camisa de malha branca, os tênis e um fusquinha
que não me lembro bem a cor. Todos os alunos postos em fila na linha vermelha
da quadra e em silêncio. Seis horas da manhã. O relógio da Matriz de Sant’ana
ecoava por toda a Itaúna a sua primeira badalada. E ele começava sua aula de
Educação Física: “o anjo do Senhor anunciou a Maria...” e respondíamos em coro:
“e ela concebeu do Espírito Santo” e juntos “Ave Maria...”
Sempre foi um amigo.
Sempre. E o foi vida afora. Amigo com o sorriso largo e sincero no rosto, mas
também o amigo que sabia dizer não e nos corrigir na caridade para sermos
pessoas de bem.
Nilo Caetano Pinto nasceu no distrito de Antônio dos Santos, em Caeté,
Minas Gerais, em 24 de março de 1930. Era o filho mais velho de Carlito Caetano
Pinto e Antônia Luiza Dinis e teve mais seis irmãos. Órfão de pai aos 11 anos,
começou a trabalhar para ajudar em casa, sem deixar de lado os estudos, que
seguiu até graduar-se em Educação Física pela Universidade Federal de Minas
Gerais.
Deste tempo de estudos em Belo Horizonte, havia um bom amigo, o Coronel
José Lázaro Guimarães e este era casado com dona Eneida Nogueira; irmã do nosso
ilustre e saudoso Dr. Guaracy de Castro Nogueira. Foi assim. Uma através de uma
indicação do coronel ao Dr. Guaracy que o então Prof. Nilo veio aportar em
Itaúna no ano de 1958 (...por aqui, boa gente aportou...como muito bem o
cantamos em nosso belo hino municipal...).
Chegou em nossas barrancas já casado com Florescena Diniz Guimarães
Pinto e tiveram teve oito filhos, dos quais conheceu 12 netos e um bisneto.
O nosso então Prof. Nilo lecionou na Escola Normal, a Escola Estadual de
Itaúna, por 34 anos, como professor e vice-diretor. No Colégio Santa’Ana ficou
durante 26 anos. Nilo sempre foi um homem de Fé. Sempre
engajado nos movimentos da Igreja. Ajudava com sua Família na Igreja da Piedade
e na comunidade Sagrada Família do Bairro Cerqueira Lima, pois residia naquela
região; tempos do paroquiato do Pe. Giovanne Van de Laar. Ele e os filhos foram
ministros da Eucaristia, da Palavra, do batismo e do matrimônio.
Em 1982, dona Florescena, sua esposa, veio a falecer. Foi, sem dúvida,
um grande golpe no coração daquele homem. Porém, Nilo já era um homem que se
confiava em Deus.
E aos 52 anos, ainda criando os filhos, resolveu dizer sim ao chamado desse
Deus. Aqui existiu a figura de um intercessor da Graça Divina. Era nosso
primeiro bispo diocesano – Dom Cristiano Portela de Araújo Penna. O Dom
Cristiano o indagou se pretendia casar-se novamente. Nilo respondeu-lhe que não
havia essa intenção, dado a beleza e profundidade de seu matrimônio e a
fidelidade que compartilharam ao longo de 28 anos.
Assim sendo, encaminhou-lhe Dom Cristiano para a Faculdade de Teologia,
na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC - em Belo Horizonte. Após três anos e seis meses de dedicados estudos e preparação, foi
ordenado padre por Dom José Belvino do Nascimento, aqui em Itaúna no ano de
1990, no Poliesportivo JK. Aliás, ele e
o Pe. José Geraldo Flores, da Igreja da Piedade aqui, foram os primeiros
sacerdotes a serem ordenados na diocese por Dom Belvino- hoje bispo emérito.
A primeira paróquia aonde trabalhou o Pe. Nilo foi a do Sagrado Coração
de Jesus, em Santanense, onde ficou por dois anos; em seguida, a pedido de Dom
José Belvino, foi transferido para o bairro Padre Eustáquio, na Paróquia Nossa
Senhora de Fátima, por cinco anos.
Logo depois, foi chamado pelo Pe. Amarildo para ajudá-lo na Paróquia Sant’Ana por outros cinco anos; deixou-a apenas por um ano e 10 meses para substituir o falecido Pe Heli Lourenço, no bairro de Lourdes, na paróquia Nossa Senhora Aparecida e retornando em definitivo para a Paróquia Sant'Ana.
Logo depois, foi chamado pelo Pe. Amarildo para ajudá-lo na Paróquia Sant’Ana por outros cinco anos; deixou-a apenas por um ano e 10 meses para substituir o falecido Pe Heli Lourenço, no bairro de Lourdes, na paróquia Nossa Senhora Aparecida e retornando em definitivo para a Paróquia Sant'Ana.
Um outro amigo itaunense, o Pe. Phillipe Fernandes, disse que o Pe. Nilo
foi o padre que ninguém viu envelhecer... E muitos o chamavam de “o homem dos 7
sacramentos”...
Ora, para nós católicos, os sacramentos são sinais visíveis da graça de
Deus. São veículos dessa graça. E a maioria dos homens parte deste mundo com 6
sacramentos; pois ou se tem o sacramento do matrimônio ou o da Ordem (que
confere o sacerdócio católico).
Pois bem. O nosso mui especial Pe. Nilo partiu daqui na plenitude da
graça! Com todos os 7 sacramentos! O último foi-lhe ministrado no leito do
hospital, a unção dos enfermos, que o preparou para ir de encontro a Deus. Fica
para nós- itaunenses – agora o grande exemplo.
Em meio a tantas crises; eis o exemplo de Padre Nilo para nós. Exemplo
de pai, exemplo de padre, exemplo de fidelidade, à Deus, à sua Palavra
sobretudo. Enquanto esposo, honrou plenamente seu casamento sendo-lhe fiel até
a morte de sua esposa. Enquanto padre, honrou plenamente o seu sacerdócio,
sendo-lhe eternamente fiel.
Enquanto homem, honrou plenamente a espécie humana, sendo humano com os humanos! Homem de profunda espiritualidade e oração, sabia ouvir a Deus no silêncio meditativo de suas orações. Homem de profunda humanidade...sabia e se dispunha sempre em ouvir o outro.
Enquanto homem, honrou plenamente a espécie humana, sendo humano com os humanos! Homem de profunda espiritualidade e oração, sabia ouvir a Deus no silêncio meditativo de suas orações. Homem de profunda humanidade...sabia e se dispunha sempre em ouvir o outro.
Pe. Nilo o homem do sim! Sim a Deus! Sim ao homem! Ouvia Deus e ouvia o
seu semelhante. Sempre. Eis uma de suas grandes dificuldades...dizia sim para
todos e para tudo, a ponto de embolar seus compromissos e abarrotar sua agenda
de atividades e atendimentos de toda espécie. Desde benzer uma casa a salvar um
casamento em crise. Desde dar um conselho a impedir uma grande bobagem.
Pe. Nilo em sua grande simplicidade evangélica. Era de se admirar. Nas
missas, logo trocava de lugar com os coroinhas para que eles ficassem perto uns
dos outros para seguirem a Palavra no lecionário. Preferia distribuir a
comunhão pelos lados da igreja e quase nunca no centro.
Nunca gostou das pompas litúrgicas. Vestia-se com os paramentos mais simples. Quase nunca usou uma casula (grande vestimenta que se assemelha a uma capa fechada) .... Foi velado numa igreja de bairro (nas Graças) e não na majestosa Matriz de Sant'Ana…e fora um pedido seu- salvo engano.
Nunca gostou das pompas litúrgicas. Vestia-se com os paramentos mais simples. Quase nunca usou uma casula (grande vestimenta que se assemelha a uma capa fechada) .... Foi velado numa igreja de bairro (nas Graças) e não na majestosa Matriz de Sant'Ana…e fora um pedido seu- salvo engano.
Tratou de partir em uma noite de sexta, para que tivéssemos parte do
sábado para cuidar dos ritos de sua passagem – quando a maioria do Clero está
mais livre- e com o domingo para descansar e assim não atrapalhar ninguém de
nada, como era bem de seu feitio...
Como esquecer os bolsos cheios de balas para as crianças que ainda não
tinham feito a primeira comunhão... adoçadas para sentir a doçura de Deus!
Ah Pe. Nilo! Tínhamos um Cura d’Ars e não sabíamos.... Descanse em Paz
meu Pe. Nilo. Recebe agora a coroa da Justiça, a qual o Senhor, Justo Juiz, lhe
deu naquele dia!
Misture sua luz a das
estrelas...cintile quando o dia clarear.
Réquiem aeternam dona eis domine, et lux
perpetua luceat eis.
*paroquiano de Sant'Ana
REFERÊNCIAS:
Pesquisa:
Alexandre Campos
Texto
I: Hudson Bernardes
Texto
II: Prof. Luiz Mascarenhas
Organização: Charles Aquino
Projeto
de Lei dos Logradouros: Prefeitura Municipal de Itaúna