Lei Municipal 1.328/76—
CEP: 35680-062
Denomina
logradouro público: Rua Silva Jardim / Centro
Dá
denominação às Ruas, Praças e Logradouros Públicos da Zona Centro de Itaúna, e
contém outras providências.
O
Povo do Município de Itaúna, por seus representantes decreta e eu, em seu nome,
sanciono a seguinte Lei:
Art.
1º — As ruas, praças e logradouros públicos da Zona Centro de Itaúna, que não
tem leis oficializando suas denominações, passarão a ter os nomes constantes do
mapa cadastral da Prefeitura Municipal de Itaúna, que fica fazendo parte integrante
desta Lei.
[...]
Art.
3º — Revogadas as disposições em contrário, esta lei entrará em vigor na data
de sua publicação.
Sala
das Sessões, em 7 de outubro de 1976
Cosme
Caetano Silva — Vereador
A
Comissão de Finanças e Orçamento opina pela aprovação da emenda do nobre
vereador João Viana da Fonseca.
Sala
das Sessões 21 de outubro de 1976
Geraldo
Alves Parreiras — Presidente da Comissão
Luiz
de Oliveira Guimarães — Membro
Waldemar
Gonçalves de Sousa — Membro
A
Comissão é pela aprovação do projeto com a redação original, mas incorporada a
emenda.
Sala
das Sessões 25 de outubro 1976
Joaquim
Antônio Diniz — Presidente da Comissão
Valdir
Corradi — Membro
Nelson
Ferreira da Silva — Membro
Aprovado
em 1ª discussão 21/10/1976
Aprovado
em 2ª discussão 22/10/1976
Aprovado
em 3ª discussão 25/10/1976
NOMES HISTÓRICOS DE RUAS DE ITAÚNA
*Guaracy
de Castro NOGUEIRA
A
primeira rua que recebeu oficialmente um nome em Itaúna foi a SILVA JARDIM, por iniciativa de meu
bisavô Zacarias Ribeiro de Camargos que, vereador na Câmara Municipal de Pará
de Minas, representando o distrito de Sant`Ana do Rio São João Acima,
apaixonado e subversivo republicano entendeu de homenagear o grande planfetário
divulgador dos ideais contra o império.
Em pleno império escreveu na porteira
de sua fazenda “Fazenda da República”, isto por volta de 1891. Esta iniciativa
levou o Conselho Distrital, aos 18 de abril de 1892, em sua primeira sessão
ordinária, às 12 horas do dia, presentes os conselheiros: dr Augusto Moreira,
presidente, capitão Miguel José de Faria e João Antônio da Fonseca, por
proposta do presidente, aprovou-se o projeto dando às ruas da freguesia as
seguintes denominações:
[...]
A que vai do Serafim a Matriz – Rua
Silva Jardim.
OS ITAUNENSES APOIARAM AS LIDERANÇAS
REPUBLICANAS
Chega
à Santana, pelo correio de Bonfim, a notícia da proclamação da república. Nessa
noite promoveram os republicanos uma imponente passeata cívica, em que havia um
andor enfeitado com as cores nacionais e sobre o qual se erguia a pequena
Elvira, filha do Sr. Artur Matos, vestida de República.
Itaúna
foi dos primeiros lugares em Minas que se manifestaram republicanos e, pela
ocasião da proclamação da república, talvez o único que não tivesse um
monarquista sequer.
Contam
que o ardoroso republicano Cassiano Dornas dos Santos sacou o paletó e fê-lo de
tapete para o burro que conduzia as malas do correio, com a notícia da
proclamação de Deodoro ...
E
tal foi a alegria com que o povo cercou o comboio do Correio, que o estafeta,
sem saber o motivo de tanto delírio, pensou se tratasse de agressão à sua
pessoa ...
Aureliano
Nogueira Machado, diretor da banda de música local, escrevia no bombo, a letras
garrafais, a frase Viva a República! ...
O entusiasmo era tanto, que em 1885, em plena
vigência da Monarquia, o tenente-coronel Zacharias Ribeiro de Camargos,
denominou "República" a sua fazenda. Escreveu este nome em letras
garrafais na porteira de entrada de sua propriedade. Um subversivo em pleno
império.
Quatro
anos antes da proclamação, que se deu em 15 de novembro de 1889, antes mesmo da
abolição, que ocorreu em 13 de maio de 1888! Como vereador Municipal em Pará de
Minas, representava o distrito de Sant'Anna naquela edilidade.
Propôs, e foi
aceito, o primeiro nome oficial para a principal rua do arraial, SILVA JARDIM, homenagem ao grande e
jovem tribuno dos ideais republicanos. Foi um gesto corajoso de rebeldia.
Perpetuou nas páginas da história e no coração dos filhos de Sant'Anna o nome
deste grande brasileiro, encarnação do espírito nacional.
Antônio
da Silva Jardim
(Capivari,
RJ, 1860 - Vesúvio, Itália, 1891)
Nasceu
no município de Capivari, hoje Silva Jardim, no Rio de Janeiro, no dia 18 de
agosto de 1860. Filho de Gabriel Jardim,
professor primário e Felismina Leopoldina de Mendonça. Aos cinco anos aprendeu
a ler em casa, na escola do pai, e aos seis escrevia e passava horas estudando.
Em 1871, completa os estudos primários na Escola Pública da Vila de Capivari.
Estuda no Colégio Silva Pontes no Rio de Janeiro.
Em
1874, matricula-se no Colégio São Bento, onde estuda português, francês,
geografia e latim. Era responsável pela redação do jornal estudantil Labarum
litterario. Com quinze anos publica um artigo sobre Tiradentes, no qual elogia
a rebeldia contra o absolutismo.
Por
falta de recursos, deixa a república e vai morar em Santa Tereza, com um primo,
estudante de medicina. Em 1877, recebe do pai o valor de trezentos réis e
embarca para São Paulo para cursar a Faculdade de Direito do Largo São
Francisco.
Em
1878, inicia sua vida acadêmica, mora na república, participa de reuniões das
sociedades literárias. Inicia grande atividade literária. Passa a lecionar na
Escola Normal e se emprega como revisor do jornal Tribuna Liberal. Em 1881
aderiu à filosofia de Auguste Comte e inaugurou o primeiro centro positivista
de São Paulo. Formado em 1882, começa a advogar. Em 1883, casa-se com Ana
Margarida, filha do conselheiro Martim Francisco de Andrada.
Foi um grande protagonista da abolição e era um
abolicionista radical, disposto a burlar qualquer expediente jurídico que
barrasse a libertação dos escravos. Para ele, a lei da abolição deveria ter –
como de fato teve – apenas dois artigos. “A questão se resolveria assim: o
primeiro artigo diria: fica abolida a escravidão no Brasil; e o segundo,
pedimos perdão ao mundo por não tê-lo feito há mais tempo”. Silva Jardim foi
responsável pela fuga de dezenas de escravos de fazendas paulistas."
Em
1888, com a crise do império, participa de comícios em prol da República. Por
sua iniciativa pessoal, realizou em Santos, em 28 de janeiro, o primeiro
comício republicano do país. A partir de então e até o fim de 1889, dedicou-se
à campanha republicana. Percorreu diversas cidades fluminenses, paulistas e
mineiras para divulgar o novo regime político e promoveu, também no Rio de
Janeiro, numerosos comícios. Ao mesmo tempo, colaborava na Gazeta de Notícias.
Por
seu radicalismo, foi excluído do Partido Republicano. Depois de instalada a
República vai aos poucos sendo afastado do primeiro governo republicano. Em
1890, candidata-se para compor o Congresso Constituinte, pelo Distrito Federal,
mas é derrotado. Retira-se da vida política. No dia 2 de outubro do mesmo ano,
vai para Europa, em companhia da família e dos amigos Carneiro de Mendonça e
Américo de Campos.
No
dia 1 de julho de 1891, estando em Pompéia, na Itália, quer ver o Vesúvio.
Acompanhado de Carneiro de Mendonça, arranjam um guia e foram até a cratera,
aproximam-se da borda, mesmo tendo sido avisado de que o vulcão poderia entrar
em erupção a qualquer momento, escorregou, caiu e foi tragado por uma fenda que
se abriu na cratera da montanha, deixando o motivo dessa morte envolvido em
mistério, pois a imprensa da época insinuou que ele poderia ter suicidado por
desilusão política.
Assim,
um vulcão lá na Europa distante, teria influenciado os rumos da República
brasileira ao ceifar a vida de um ativista político que era uma esperança
importante por seus pronunciamentos e atitudes diante dos novos desafios que a
nação enfrentava. Sem contar que em inúmeras cidades do país existem praças,
ruas e avenidas em homenagem a este grande homem.
Referências:
João
Dornas Filho - Livro Silva Jardim
FILHO,
João Dornas. Efemérides Itaunenses. Coleção Vila Rica, Ed. João Calazans, 1951,
p.252.
Acervo:
Ângela Penido / Charles Aquino / Prof. Marco Elísio Chaves Coutinho
Texto:
Itaúna em Detalhes -Enciclopédia Ilustrada de Pesquisa (Guaracy de Castro
Nogueira), fascículo, nº 21.
Texto
histórico 1º nome oficial de Rua de Itaúna: Guaracy de Castro Nogueira (In Memoriam).
Pesquisa e Organização: Charles Aquino
Pesquisa (Câmara Municipal de Itaúna): Patrícia Gonçalves Nogueira
Logo/CEP: Correios