Lei Municipal 1631/82
— CEP: 35681-750
Denomina
logradouro público:
Distrito Industrial Antônio Augusto de Lima Coutinho
Fazendinha (Rod. MG-050)
Distrito Industrial Antônio Augusto de Lima Coutinho
Fazendinha (Rod. MG-050)
Projeto
de Lei nº 07/82 da denominação ao Distrito Industrial de Itaúna.
O
Povo do Município de Itaúna, por seus representantes, decreta, e eu, em seu
nome, sanciono a seguinte Lei Municipal nº 1631/82.
Art.
1º — Denominar-se-á Antônio Augusto de
Lima Coutinho, Distrito Industrial de Itaúna.
Art.
2º — Revogadas as disposições em contrário, esta Lei entrará em vigor na data
da sua publicação.
Itaúna
em 11 de agosto de 1982
Antônio
Augusto Fonseca — Vereador
Nomeio
relatora a nobre Vereador Elsa Alves Nogueira.
Sala
das Sessões, em 13 de setembro de 1982.
Joaquim
Antônio Diniz — Presidente da Comissão de Justiça e Redação
O
presente projeto de Lei foi elaborado de acordo com as normas legais e é de
competência deste legislativo a sua apreciação.
Elza
Alves Nogueira — Relatora
Joaquim
Alves Nogueira — Presidente da Comissão
Pedro
Alberto — Membro
Nomeio relator o nobre Vereador João Viana da Fonseca.
Elza
Alves Nogueira — Presidente da Comissão de Finanças e Orçamento.
Sala das Sessões 20/09/1982
Sala das Sessões 20/09/1982
A
homenagem que se pretende prestar ao Dr. Antônio Augusto de Lima Coutinho é das
mais meritórias. O homenageado era um idealista, sempre propugnando pelas
causas que engradeceram Itaúna. Foi Prefeito Municipal, trabalhando pela
cidade. Somos pela aprovação do presente projeto de Lei. Sala das Sessões
20/09/1982.
João
Viana da Fonseca — Relator
Nelson
Bernardes Alves — Membro
Elza
Alves Nogueira — Presidente da Comissão
Aprovado
em 1ª discussão 28/09/1982
Aprovado
em 2ª discussão 28/09/1982
A
Comissão de Justiça e Redação é pela aprovação do presente projeto de Lei com a
redação original. Sala das sessões, em 30/09/1982.
Joaquim
Antônio Diniz — Presidente da Comissão
Elza
Alves Nogueira — Secretária
Pedro
Alberto — Membro
Aprovado
em 3ª discussão 30/09/1982
Dr. ANTÔNIO AUGUSTO DE LIMA COUTINHO
"Humanista,
grande médico, homem honrado e caridoso"
Dr.
COUTINHO, tratado na família como "NICO", nasceu em Ouro Preto no dia
12 de abril de 1898, filho de Pedro Artur de Souza Coutinho e Felicíssima
Ricardina Coutinho. Seus avós paternos, Cel. João Batista de Souza Coutinho e
dona Francisca de Assis de Azeredo de Sousa Coutinho eram originários de Barão
de Cocais.
Seu
avô materno Antônio Augusto Pereira Lima, nasceu na Fazenda do Marzagão, em
Itabira do Campo (Itabirito), também terra natal de sua avó, dona Anna
Josephina França. No ano de 1907, Pedro Artur (Doca), que era funcionário
público, transferiu-se com a família para Belo Horizonte, onde o menino Antônio
Augusto (nome em homenagem ao avô materno) prosseguiu seus estudos no curso
primário com a professora particular Ana Cintra, renomada educadora mineira,
sua amiga, enquanto ela viveu, pela troca de correspondência mantida ao longo
de muitos anos.
Sempre
aplicado e compenetrado, criado em ambiente de alta religiosidade, foi um jovem
temente a Deus. No curso secundário, estudou no Colégio D. Viçoso. Com a
mudança do Colégio Azevedo para a capital, do velho mestre, seu amigo Caetano
de Azeredo Coutinho, terminou seus estudos, os quais lhe permitiram aspirar uma
carreira de nível superior e concretizar seus sonhos de juventude. Estudioso,
desde cedo aplicou-se no conhecimento do francês, que lhe era familiar. Não
saía das bibliotecas onde os melhores livros didáticos estavam escritos nessa
língua.
Submeteu-se
ao exame de admissão na Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, em 1916, onde
ingressou, vindo a ser, nos primeiros anos, preparador da Cadeira de Anatomia.
No terceiro ano, trabalhou como interno no Serviço de Oftalmologia da Santa
Casa de Misericórdia. Ao término do quarto ano, transferiu-se para a Faculdade
da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, como interno no Serviço de Ginecologia,
oportunidade em que escreveu um sério trabalho, denominado "Prenhez
Ectópica (Tubária).
Formou-se
em 1922. Logo foi convidado pelo seu antigo chefe na Faculdade, professor
Augusto Brandão, para clinicar na cidade de Campinas (SP), mas recusou o
convite, porque esteve em Belo Horizonte, em visita aos seus pais e recebeu de
seu tio Agripino Augusto Pereira Lima um convite para trabalhar em Itaúna, onde
chegou no dia 18 de janeiro de 1923.
A
Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira, inaugurada em 19 de março
de 1921, dez dias depois, perdeu seu provedor, Dr. Augusto Gonçalves, vítima de
um derrame cerebral, vindo a falecer 20 de maio de 1924. Dr. COUTINHO ficou morando na casa de seu
tio, farmacêutico Agripino Lima. Este o levou a conhecer o renomado médico Dr.
Dorinato de Oliveira Lima, que o convidou para ser seu auxiliar, como
cirurgião.
Optando
pela ginecologia, Dorinato lhe disse não ser inclinado para tal especialidade,
pediu-lhe então que examinasse pacientes na enfermaria de mulheres. Paradoxal,
Dorinato obteve em Paris seu diploma de pós-graduação justamente em ginecologia
e obstetrícia. Dr. COUTINHO, com os recursos disponíveis - dedo, vista e ouvido
- examinou algumas e, por um capricho do destino, constatou prenhez tubária em
uma delas.
Dorinato
espantou-se porque tratava-se de um diagnóstico difícil. Dr. COUTINHO,
assumindo o caso, utilizou pela primeira vez em Minas Gerais, a Raquianestesia,
injetando no canal medular uma ampola de Percaine, que trouxera do Rio, obtendo
êxito completo no tratamento da paciente.
A
partir de então, Dr. COUTINHO ganhou a confiança de Dorinato que lhe entregou
todos os casos de ginecologia do Hospital. Dorinato, seduzido pela política se
transferiu para Belo Horizonte e, como é do conhecimento geral, Dr. COUTINHO,
além de clínico geral, assumiu a chefia do setor cirúrgico da Santa Casa.
Fez
da Medicina um sacerdócio, dando combate sem quartel à doença, sua inimiga de
todas as horas. Perseguia-a onde estivesse, tanto na fazenda como na cidade. Ia
ao encalço dela pelas estradas da roça, montado em cavalo ou burro. E as
cirurgias sucediam-se, uma atrás da outra, quando para a Santa Casa afluíam
doentes de Divinópolis, Cajuru, Pará de Minas, Cláudio, Mateus Leme, Itaguara,
Itatiaiuçu, Bonfim e muitos outros lugares.
Em
1931, o jovem João Guimarães Rosa, formado em Medicina, foi residir em
Conquista, hoje município de Itaguara, e tornou-se frequentador da Santa Casa
de Itaúna e da residência do Dr. COUTINHO. Tornaram-se grandes amigos. Dr.
COUTINHO fez o parto de sua filha Vilma. Publicou em 1932 o livro "A Messe
de um Decênio", em que relatou passagens dos 10 anos iniciais de sua atividade
profissional, leitura que se recomenda a todos que desejarem conhecer o homem e
médico que foi.
Casou-se, em 15 de setembro de 1924, com NAIR
CHAVES, de rara beleza, "Miss Itaúna", de tradicionais famílias,
descendente dos fundadores do município, distinguida na época com uma serenata
de "Catulo da Paixão Cearense", em visita à cidade.
O
casal teve dez filhos, sendo que uma menina, primogênita, AUXILIADORA, morreu
criança, aos quatro anos. Os outros são: HELÊNIO ENÉAS, falecido, médico,
ex-membro da Academia Brasileira de Medicina; RÔMULO AUGUSTO, falecido, foi
Secretário de Segurança do Estado de Minas Gerais; JUAREZ CARLOS, falecido,
farmacêutico prático; EVANDRO ALBERTO, agrônomo; MARCO ELÍSIO, professor
universitário; JAIRO CÉLIO, ex-gerente da extinta Caixa Econômica Estadual,
MARIA ÂNGELA, casada com Achilles Ferreira, aposentado, ex-gerente do extinto
Banco da Lavoura e do extinto Banco Real; ÂNGELA MARIA, formada na Universidade
de Itaúna e HELDER MAGNUS, falecido, era alto funcionário da CEMIG. Todos se
casaram.
Foi
professor de francês e psicologia educacional na Escola Normal Oficial de
Itaúna, onde sua esposa foi excelente Diretora. No período em que a Escola foi
desoficializada, por sete anos, ele e Dª NAIR, como vários outros dedicados
professores, lecionaram suas matérias sem remuneração alguma.
Sua
primeira participação na vida pública de Itaúna foi na vitoriosa Revolução de
1930, dela um dos vigorosos propagandistas e defensores, ao lado de outros
idealistas, como Artur Vilaça, Dr. Hely Nogueira e José Augusto dos Santos
(Juca do Bá). Lutaram na Aliança Liberal, liderada por Minas Gerais, Rio Grande
do Sul e Paraíba, contra o governo central da República Velha e outros 17
Estados da Federação.
Foi
nomeado e participou do primeiro Conselho Consultivo, em substituição à extinta
Câmara Municipal. Líder integralista, ao lado do Monsenhor Hilton Gonçalves de
Souza, acreditou nos ideais de Plínio Salgado. Foi Prefeito no período de 14 de
dezembro de 1947 a 31 de janeiro de 1951, o primeiro após a reconstitucionalização do país com a
queda de Getúlio Vargas.
Trabalhou,
incessantemente, em favor do desenvolvimento harmônico e global do município.
No cargo, deu atenção especial aos problemas vinculados à área de saneamento
básico. O abastecimento de água, a extensão da rede de esgotos, os combates às
moléstias endêmicas, como a malária, mereceram investimentos prioritários em
seu mandato.
Trouxe
a Itaúna o famoso professor CARVALHO LOPES, que entrevistei para a Folha do
Oeste, e nos deu água de primeira qualidade, por alguns anos, com os poços
subterrâneos. Deu atenção especial à educação, eis que foi, em vida, autêntico
educador. Dedicou-se também à tarefa de melhorar as condições de vida, na área
rural, destacando-se seu empenho na construção de estradas vicinais.
Ocorreu
em seu mandato, logo no início, uma das maiores enchentes do rio São João, que
passou à história como a "enchente do Dr. Coutinho". O município
entrou em estado de calamidade pública. A tragédia deu frutos: elaborou-se o
melhor Plano Diretor já feito para a cidade, lamentavelmente não executado pelo
seu sucessor, por falta de recursos, e projetou-se a construção da Barragem do
Benfica, resultados de sua atuação junto aos Governos estadual de Milton
Campos, onde seu compadre Pedro Aleixo era Secretário do Interior, e federal de
Gaspar Dutra, de onde trouxe técnicos para estudar e viabilizar a solução dos
problemas, como o Dr. Camilo Menezes, Diretor Geral do Departamento Nacional de
Obras e Saneamento.
Nas
negociações, envolveu a Companhia Industrial Itaunense, que se responsabilizou
pelo levantamento topográfico da bacia, e, afinal, em sociedade com a Companhia
Tecidos Santanense construíram, de 1954 a 1958, a importante e vital obra para
Itaúna, a Barragem do Benfica.
Juntamente
com o prefeito Lincoln Nogueira Machado, Artur Vilaça e outros, o Dr. COUTINHO
tudo fez para trazer para Itaúna uma indústria de grande porte, a Companhia
Nacional de Ferro Puro - CNFP, que seria instalada onde é hoje o Bairro Padre
Eustáquio. Uma enorme empresa, organizada em São Paulo, com o capital de 16 mil
contos de réis. Lançou-se a pedra fundamental da iniciativa com as bênçãos do
virtuoso Padre Eustáquio Van Lieshout.
A
ideia não vingou, mas ficou, para sempre, conosco o nome do santo sacerdote que
ganhou, merecidamente, o título, dado pela nossa Câmara Municipal, de
"Cidadão Honorário". Seu nome enobrece o Distrito Industrial da
Fazendinha.
Nasceu
para servir, foi um dos fundadores do Rotary de Itaúna e seu Presidente. Foi
bom para Itaúna, para sua família, e, especialmente para a sua legião de
clientes, alunos e amigos. Grande orador, altíssimo nível cultural, jamais saiu
de sua terra de adoção. Esposo e pai, construiu edificante lar. Romântico,
idealista, sempre digno e ético, jamais foi um Sancho Pança e muitas vezes foi
um D. Quixote, deixou marcas profundas na história do município e um grande
número de descendentes, herdeiros dos exemplos e das nobres qualidades maternas
e paternas.
Faleceu
aos 84 anos, aos 10 dias do mês de Junho de 1982, às 7:30 horas de uma manhã
ensolarada, no dia de Corpus Christi, data santa tão vinculada ao grande morto,
autêntico cristão. Continua vivo na memória dos legítimos Itaunenses.
REFERÊNCIAS:
Organização: Charles
Aquino
Texto Biográfico:
Guaracy de Castro Nogueira
Acervo:
Professor Marco Elísio
Acervo:
Instituto Cultural Maria de Castro Nogueira – ICMC
Acervo:
Shorpy
Projetos de Leis dos Logradouros:
Câmara Municipal de Itaúna
Pesquisa:
Charles Aquino, Patrícia Gonçalves Nogueira
Correios
CEP
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